terça-feira, 8 de novembro de 2016
sábado, 10 de setembro de 2016
PAROQUIANOS EM OUTRAS PARAGENS: CLAUDEMIR VIEIRA
Com esse título queremos iniciar nossa série no blog Paróquia de Mutum com a finalidade de compartilhar experiências de mutuenses atuando em outras paróquias.
Começamos com Claudemir Vieira. Ainda jovem em Roseiral, foi para o seminário Sacramentino. Após sua experiência na vida religiosa, fixou-se em Matozinhos-MG. Confira no nosso bate papo pelo Facebook.
BLOG: Para quem não te conhece, quem é Claudemir Vieira?
CLAUDEMIR VIEIRA: Sou cristão católico, humilde trabalhador, perseverante na fé com mente ampla aceitando as diferenças dos outros irmãos em Cristo de outras religiões.
Matriz de Matozinhos-MG |
BLOG: Como você tem atuado pastoralmente onde você mora?
CLAUDEMIR VIEIRA: Atuo na Pastoral dos Casais Vocacionais e sou ministro da Palavra tentando engajar num grupo de Reflexão.
BLOG: Nas suas atividades pastorais, quais influências você “levou” de Mutum?
CLAUDEMIR VIEIRA: Toda a base de grupo com os trabalhos de proximidade com os irmãos na humildade e jeito diferente de ser sendo exemplo de vida para o meu próximo foram trazidas de Mutum.
BLOG: Como a sua avaliação do cristianismo? Quais desafios o cristão enfrenta hoje?
CLAUDEMIR VIEIRA: Estamos vivendo em um momento de paz no cristianismo porque as guerras estão voltadas para a política. Nosso maior desafio é justamente a conscientização política e a conscientização religiosa que ainda muitos continuam acreditando em supertições.
BLOG: Como você acompanha as atividades pastorais da nossa paróquia?
CLAUDEMIR VIEIRA: Pelo facebook de alguns amigos e amigas e até mesmo pelo “zap” de alguns.
BLOG: Qual mensagem você deixa para os cristãos de Mutum?
CLAUDEMIR VIEIRA: Mantenham firmes na fé e nos trabalhos das pastorais, a Paróquia de Mutum é uma Paróquia abençoada que reflete para sempre no coração de quem passa por aí.
terça-feira, 23 de agosto de 2016
CARTA AOS CATEQUISTAS
Caríssima
irmã, caríssimo irmão Catequista.
Os
caminhos da Igreja no Brasil assinalam o mês de agosto com uma nobre
particularidade. A temática vocacional recebe forte acentuação: dia dos pais,
dia do padre, dia do religioso, dia do Catequista. Este previsto para o próximo
dia 28.08.
Em
nome da CNBB quero servir-me da data para uma palavra permeada de sincero afeto
e imensa gratidão. Embora não seja possível ser suficientemente grato a tanta
dedicação, com muita simplicidade, apresento-me para uma reflexão
agradecida.
Começo
chamando-lhe à recordação uma sua experiência pessoal muito singular: lembra
quando alguém lhe dirigiu o convite a tornar-se Catequista? Certamente está
presente em sua memória a pessoa, as frases e o contexto. Lembra também de sua
própria reação? Talvez inquietação, ou dúvidas, ou temor por não se sentir
apta(o). É até possível que lhe tenha aflorado a preocupação pela falta de
tempo...
Mesmo
assim, embora com tantas objeções, Você aceitou. Estou certo que ainda estão
bem presentes os motivos que moveram a aceitar... E o Espírito Santo estava lá:
movia, suscitava, inquietava. E eis que desde sua liberdade e desde sua
capacidade de amar houve um movimento de afeição amorosa pelo Senhor, pela
comunidade, pelos “seus” catequizandos.
Hoje,
tendo já passado um bom tempo, talvez anos, cabem duas perguntas bastante
simples: mais ofereceu ou mais recebeu? Mais aprendeu ou mais ensinou? É
verdade que os desânimos por vezes se apresentaram; também sinais de cruz se
pronunciaram. Mas quanto crescimento! Quantos sinais da proximidade de Deus!
Quantas experiências de fé! É... Catequese é um caminho, um discipulado, um
encontro que perdura e atravessa os anos. Mas o Senhor nunca se deixa vencer em
generosidade. Quantas graças!!!
Seu
sim ajudou a Igreja a ser Evangelizadora; a ser mais Igreja. Sua dedicação de
Catequista a(o) faz lembrar-se de que o Senhor Jesus quer ser conhecido mais
por seu amor do que por doutrinas. Por isso mesmo o episcopado brasileiro lhe
agradece, caríssima(o) Catequista. E neste dia louva o Senhor por seu
ministério. Que Deus lhe multiplique em bênçãos a bênção que é Você para a
nossa Igreja.
Dom José Antonio Peruzzo
Arcebispo de Curitiba-PR
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
JOÃO VIANNEY, O PATRONO DO SACERDÓCIO
Com
sua fervorosa vida de oração e seu apaixonado amor a Jesus Crucificado, São
João Maria Vianney alimentou a sua cotidiana doação sem reservas a Deus e à Igreja.
O Cura d'Ars era
humilíssimo, mas consciente de ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu
povo: "Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior
tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais
preciosos da misericórdia divina".
Falava do sacerdócio como
se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados
a uma criatura humana: "Oh como é
grande o padre! [...] Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria.
[...] Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor
desce do Céu e encerra- Se numa pequena hóstia".
E, ao explicar aos seus
fiéis a importância dos Sacramentos, dizia: "Sem
o Sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele
sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do
ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar
a sua peregrinação? O sacerdote. Quem há de prepará-la para comparecer diante
de Deus, lavando- a pela última vez no Sangue de Jesus Cristo? O sacerdote,
sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a
ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote.
[...] Depois de Deus, o sacerdote é tudo! [...] Ele próprio não se entenderá
bem a si mesmo, senão no Céu".
Estas afirmações, nascidas
do coração sacerdotal daquele santo pároco, podem parecer excessivas. Nelas,
porém, revela-se a sublime consideração em que ele tinha o sacramento do
sacerdócio. Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: "Se compreendêssemos bem o que um
padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. [...] Sem o
padre, a Morte e a Paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o
padre que continua a obra da Redenção sobre a terra [...]. Que aproveitaria
termos uma casa cheia de ouro, se não houvesse ninguém para nos abrir a porta?
O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o
ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens [...]. Deixai uma paróquia
durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. [...] O padre não é
padre para si mesmo, é-o para vós".
Santidade objetiva do ministério e santidade subjetiva do ministro
Tinha chegado a Ars, uma
pequena aldeia com 230 habitantes, precavido pelo Bispo de que iria encontrar
uma situação religiosamente precária: "Naquela paróquia, não há muito amor
de Deus; infundi-lo-eis vós". Por conseguinte, achava-se plenamente
consciente de que devia ir para lá a fim de encarnar a presença de Cristo,
testemunhando a Sua ternura salvífica: Meu Deus, "concedei-me a conversão
da minha paróquia; aceito sofrer tudo aquilo que quiserdes por todo o tempo da
minha vida!": foi com esta oração que começou a sua missão. E, à conversão
da sua paróquia, dedicou- se o Santo Cura com todas as suas energias, pondo no
cume de cada uma das suas ideias a formação cristã do povo a ele confiado.
Amados irmãos no
sacerdócio, peçamos ao Senhor Jesus a graça de podermos também nós assimilar o
todo pastoral de São João Maria Vianney.
A primeira coisa que
devemos aprender é a sua total identificação com o próprio ministério. Em
Jesus, tendem a coincidir Pessoa e Missão: toda a Sua ação salvífica era e é
expressão do Seu "Eu filial" que, desde toda a eternidade, está
diante do Pai em atitude de amorosa submissão à Sua vontade. Com modesta, mas
verdadeira analogia, também o sacerdote deve ansiar por esta identificação. Não
se trata, certamente, de esquecer que a eficácia substancial do ministério
permanece independentemente da santidade do ministro; mas também não se pode
deixar de ter em conta a extraordinária frutificação gerada do encontro entre a
santidade objetiva do ministério e a subjetiva do ministro.
O Cura d'Ars principiou
imediatamente este humilde e paciente trabalho de harmonização entre a sua vida
de ministro e a santidade do ministério que lhe estava confiado, decidindo
"habitar", mesmo materialmente, na sua igreja paroquial: "Logo
que chegou, escolheu a igreja por sua habitação. [...] Entrava na igreja antes
da aurora e não saía de lá senão à tardinha depois do Angelus. Quando
precisavam dele, deviam procurá-lo lá" - lê-se na primeira biografia.
[...]
"Todas as boas obras reunidas não igualam o valor da Missa"
vida. Pelo seu exemplo, os
fiéis aprendiam a rezar, detendo-se de bom grado diante do sacrário para uma
visita a Jesus-Eucaristia. "Para rezar bem - explicava-lhes o Cura -, não
há necessidade de falar muito. Sabe-se que Jesus está ali, no Tabernáculo
sagrado: abramos-Lhe o nosso coração, alegremo-nos pela Sua presença sagrada.
Esta é a melhor oração". E exortava: "Vinde à Comunhão, meus irmãos,
vinde a Jesus. Vinde viver dEle para poderdes viver com Ele". "É
verdade que não sois dignos, mas tendes necessidade!".
Esta educação dos fiéis
para a presença eucarística e para a Comunhão adquiria uma eficácia muito
particular, quando o viam celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Quem ao mesmo
assistia, afirmava que "não era possível encontrar uma figura que
exprimisse melhor a adoração. [...] Contemplava a Hóstia amorosamente".
Dizia ele: "Todas as
boas obras reunidas não igualam o valor do Sacrifício da Missa, porque aquelas
são obras de homens, enquanto a Santa Missa é obra de Deus". Estava
convencido de que todo o fervor da vida de um padre dependia da Missa: "A
causa do relaxamento do sacerdote é porque não presta atenção à Missa! Meu
Deus, como é de lamentar um padre que celebra [a Missa] como se fizesse uma
coisa ordinária!". E, ao celebrar, tinha tomado o costume de oferecer
sempre também o sacrifício da sua própria vida: "Como faz bem um padre
oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs!".
"Círculo virtuoso" entre o altar e o confessionário
Esta sintonia pessoal com
o Sacrifício da Cruz levava-o - por um único movimento interior - do altar ao
confessionário. Os sacerdotes não deveriam jamais resignar-se a ver os seus
confessionários desertos, nem limitar-se a constatar o menosprezo dos fiéis por
este Sacramento.
Na França, no tempo dSanto
Cura de Ars_3.jpgo Santo Cura d'Ars, a confissão não era mais fácil nem mais
frequente do que nos nossos dias, pois a tormenta revolucionária tinha
longamente sufocado a prática religiosa. Mas ele procurou de todos os modos,
com a pregação e o conselho persuasivo, fazer os seus paroquianos redescobrirem
o significado e a beleza da Penitência sacramental, apresentando-a como uma
exigência íntima da Presença eucarística.
Pôde assim dar início a um
círculo virtuoso. Com as longas permanências na igreja junto do sacrário, fez
com que os fiéis começassem a imitálo, indo até lá visitar Jesus, e ao mesmo
tempo estivessem seguros de que lá encontrariam o seu pároco, disponível para
os ouvir e perdoar. Em seguida, a multidão crescente dos penitentes,
provenientes de toda a França, haveria de o reter no confessionário até 16
horas por dia. Dizia-se então que Ars se tinha tornado "o grande hospital
das almas". [...]
Assimilar em si o "novo estilo de vida" inaugurado por Jesus
No mundo atual, não menos
do que nos tempos difíceis do Cura d'Ars, é preciso que os presbíteros, na sua
vida e ação, se distingam por um vigoroso testemunho evangélico.
Observou, justamente,
Paulo VI que "o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as
testemunhas do que os mestres; ou então, se escuta os mestres, é porque eles
são testemunhas". Para que não se forme um vazio existencial em nós e
fique comprometida a eficácia do nosso ministério, é preciso não cessar de nos
interrogarmos: "Somos verdadeiramente permeados pela Palavra de Deus? É
verdade que esta é o alimento de que vivemos, mais do que o sejam o pão e as
coisas deste mundo? Conhecemo-la verdadeiramente? Amamo-la? De tal modo nos
ocupamos interiormente desta palavra, que a mesma dá realmente um timbre à
nossa vida e forma o nosso pensamento?".
Assim como Jesus chamou os
Doze para estarem com Ele (cf. Mc 3, 14) e só depois é que os enviou a pregar,
assim também nos nossos dias os sacerdotes são chamados a assimilar aquele
"novo estilo de vida" que foi inaugurado pelo Senhor Jesus e assumido
pelos Apóstolos.
Os três conselhos evangélicos, necessários também para os presbíteros
Foi precisamente a adesão
sem reservas a este "novo estilo de vida" que caracterizou o trabalho
ministerial do Cura d'Ars. O Papa João XXIII, na carta encíclica Sacerdotii
nostri primordia - publicada em 1959, centenário da morte de São João Maria
Vianney -, apresentava a sua fisionomia ascética referindo-se de modo especial
ao tema dos "três conselhos evangélicos", considerados necessários
também para os presbíteros: "Embora, para alcançar esta santidade de vida,
não seja imposta ao sacerdote como própria do estado clerical a prática dos
conselhos evangélicos, entretanto esta representa para ele, como para todos os
discípulos do Senhor, o caminho regular da santificação cristã".
O Cura d'Ars soube viver
os "conselhos evangélicos" segundo modalidades apropriadas à sua
condição de presbítero. Com efeito, a sua pobreza não foi a mesma de um
religioso ou de um monge, mas a requerida a um padre: embora manejasse muito
dinheiro (dado que os peregrinos mais abonados não deixavam de se interessar
pelas suas obras sócio-caritativas), sabia que tudo era dado para a sua igreja,
os seus pobres, os seus órfãos, as meninas da sua Providence, as suas famílias
mais indigentes. Por isso, ele "era rico para dar aos outros e era muito
pobre para si mesmo". Explicava: "O meu segredo é simples: dar tudo e
não guardar nada". Quando se encontrava com as mãos vazias, dizia contente
aos pobres que se lhe dirigiam: "Hoje sou pobre como vós, sou um dos
vossos". Deste modo pôde, ao fim da vida, afirmar com absoluta serenidade:
"Não tenho mais nada. Agora o bom Deus pode chamarme quando quiser!".
Também a sua castidade era
aquela que se requeria a um padre para o seu ministério. Pode-se dizer que era
a castidade conveniente a quem deve habitualmente tocar a Eucaristia e que
habitualmente a fixa com todo o entusiasmo do coração e com o mesmo entusiasmo
a dá aos seus fiéis.Dele se dizia que "a castidade brilhava no seu
olhar", e os fiéis apercebiam- se disso quando ele se voltava para o
sacrário fixando-o com os olhos de um enamorado.
Também a obediência de São
João Maria Vianney foi toda encarnada na dolorosa adesão às exigências diárias do
seu ministério. É sabido como o atormentava o pensamento da sua própria
inaptidão para o ministério paroquial e o desejo que tinha de fugir "para
chorar a sua pobre vida, na solidão". Somente a obediência e a paixão
pelas almas conseguiam convencê-lo a continuar no seu lugar. A si próprio e aos
seus fiéis explicava: "Não há duas maneiras boas de servir a Deus. Há
apenas uma: servi-Lo como Ele quer ser servido". A regra de ouro para
levar uma vida obediente parecia-lhe ser esta: "Fazer só aquilo que pode ser
oferecido ao bom Deus".
Saber acolher os Movimentos Eclesiais e novas Comunidades
No contexto da
espiritualidade alimentada pela prática dos conselhos evangélicos, aproveito
para dirigir aos sacerdotes, neste Ano a eles dedicado, um convite particular
para saberem acolher a nova primavera que, em nossos dias, o Espírito está a
suscitar na Igreja, através nomeadamente dos Movimentos Eclesiais e das novas
Comunidades. "O Espírito é multiforme nos seus dons. [...] Ele sopra onde
quer. E fá-lo de maneira inesperada, em lugares imprevistos e segundo formas
precedentemente inimagináveis [...]; mas demonstra-nos também que Ele age em
vista do único Corpo e na unidade do único Corpo".
A propósito disto, vale a
indicação do decreto Presbyterorum ordinis: "Sabendo discernir se os
espíritos vêm de Deus, [os presbíteros] perscrutem com o sentido da fé,
reconheçam com alegria e promovam com diligência CURA DE ARS.jpg os multiformes
carismas dos leigos, tanto os mais modestos como os mais altos". Estes
dons, que impelem não poucos para uma vida espiritual mais elevada, podem ser
de proveito não só para os fiéis leigos, mas também para os próprios ministros.
Com efeito, da comunhão entre ministros ordenados e carismas pode brotar
"um válido impulso para um renovado compromisso da Igreja no anúncio e no
testemunho do Evangelho da esperança e da caridade em todos os recantos do
mundo".
"Forma comunitária" do ministério ordenado
Queria ainda acrescentar,
apoiado na exortação apostólica Pastores dabo vobis do Papa João Paulo II, que
o ministério ordenado tem uma radical "forma comunitária" e pode ser
cumprido apenas na comunhão dos presbíteros com o seu Bispo. É preciso que esta
comunhão entre os sacerdotes e com o respectivo Bispo, baseada no Sacramento da
Ordem e manifestada na concelebração eucarística, se traduza nas diversas
formas concretas de uma fraternidade sacerdotal efetiva e afetiva. Só deste
modo é que os sacerdotes poderão viver em plenitude o dom do celibato e serão
capazes de fazer florir comunidades cristãs onde se renovem os prodígios da
primeira pregação do Evangelho. [...]
"Eu venci o mundo"
À Virgem Santíssima
entrego este Ano Sacerdotal, pedindo-Lhe para suscitar no ânimo de cada
presbítero um generoso relançamento daqueles ideais de total doação a Cristo e
à Igreja que inspiraram o pensamento e a ação do Santo Cura d'Ars. Com a sua
fervorosa vida de oração e o seu amor apaixonado a Jesus Crucificado, João
Maria Vianney alimentou a sua cotidiana doação sem reservas a Deus e à Igreja.
Possa o seu exemplo suscitar nos sacerdotes aquele testemunho de unidade com o
Bispo, entre eles próprios e com os leigos, que é tão necessário hoje, como o
foi sempre.
Não obstante o mal que
existe no mundo, ressoa sempre atual a palavra de Cristo aos Seus Apóstolos, no
Cenáculo: "No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o
mundo" (Jo 16, 33). A Fé no Divino Mestre dá-nos a força para olhar
confiadamente o futuro.
Amados sacerdotes, Cristo
conta convosco. A exemplo do Santo Cura d'Ars, deixai-vos conquistar por Ele e
sereis também vós, no mundo atual, mensageiros de esperança, de reconciliação,
de paz.(Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2009, n. 92, p. 6 à 9)
terça-feira, 2 de agosto de 2016
JOVENS, "APÓSTOLOS DA MISERICÓRDIA "
Autor Claudio Geraldo | Data 26
de julho de 2016
A “misericórdia”, palavra-chave
do pontificado de Francisco e da vida cristã, será o tema da XXXI Jornada
Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá de 26 a 31 de julho, em Cracóvia. O
tema é uma das bem-aventuranças, que se encontra no “Sermão da Montanha”
narrado pelo evangelista Mateus: “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia” (Mt 5,7). Este tema já foi preparado no caminho pós-JMJ Rio2013,
quando o Papa convidou os jovens a meditarem as “bem-aventuranças”.No Rio de
Janeiro, o Papa Francisco pediu aos jovens, “de todo coração”, que fizessem das
bem-aventuranças um concreto programa de vida: “Olhe, leiam as
Bem-Aventuranças, que lhe farão bem!” (cf. Encontro com os jovens argentinos na
Catedral de São Sebastião, 25 de julho de 2013).Em 2014, o tema que conduziu as
reflexões dos jovens foi: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o
Reino do Céu” (Mt 5,3). Em 2015, por sua vez, o tema foi: “Felizes os puros de
coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).Assim, com este tema, a JMJ de Cracóvia
insere-se no Ano Santo da Misericórdia e será um verdadeiro Jubileu dos Jovens
a nível mundial.
Em sua Mensagem para esta JMJ
(15 de agosto de 2015), o Papa Francisco convidou os jovens a aprofundarem o
sentido da misericórdia divina, que se manifesta sobretudo em Jesus Cristo: “Em
Jesus, tudo fala de misericórdia. Mais ainda, Ele mesmo é a misericórdia.”
Convida os jovens a meditarem as parábolas da misericórdia, no capítulo 15 do
Evangelho de Lucas, da ovelha perdida, da moeda perdida e do pai misericordioso.
Salienta a alegria de Deus ao encontrar o pecador arrependido. O Pai nunca nos abandona ou nos esquece. Diz
aos jovens que “a misericórdia de Deus é muito concreta, e todos somos chamados
a fazer experiência dela pessoalmente.” Relata sua experiência pessoal da
misericórdia, quando, aos dezessete anos, como jovem, no Sacramento da
Reconciliação, pôde abrir o coração com humildade e transparência e, assim,
“contemplar de forma muito concreta a misericórdia de Deus.”
Dirige palavras diretas e de
profundo significado existencial aos jovens: “E tu, caro jovem, cara jovem, já
alguma vez sentiste pousar sobre ti este olhar de amor infinito que, para além
de todos os teus pecados, limitações e fracassos, continua a confiar em ti e a
olhar com esperança para a tua vida? Estás consciente do valor que tens diante
de um Deus que, por amor, te deu tudo? Como nos ensina São Paulo, assim «Deus
demonstra o seu amor para conosco: quando ainda éramos pecadores é que Cristo
morreu por nós»(Rm 5, 8). Mas compreendemos verdadeiramente a força destas
palavras?”
Enfim, o Papa convida os jovens
a serem instrumentos da misericórdia de Deus, serem misericordiosos, a serem
“apóstolos da misericórdia”. “Sabemos que o Senhor nos amou primeiro. Mas só
seremos verdadeiramente bem-aventurados, felizes, se entrarmos na lógica divina
do dom, do amor gratuito, se descobrirmos que Deus nos amou infinitamente para
nos tornar capazes de amar como Ele, sem medida.” A concretude deste caminho se
dá na vivência das obras de misericórdia corporais e espirituais, apresentadas
por Jesus na Parábola do Juízo Final (cf. Mt 25), pois “aqui está o critério de
autenticidade do nosso ser discípulos de Jesus, da nossa credibilidade como
cristãos no mundo de hoje.”
A síntese das palavras do Papa aos
jovens poderia ser esta: “deixai-vos tocar pela sua misericórdia sem limites, a
fim de, por vossa vez, vos tornardes apóstolos da misericórdia, através das
obras, das palavras e da oração, neste nosso mundo ferido pelo egoísmo, o ódio
e tanto desespero.”
Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta
FONTE: http://www.diocesecaratinga.org.br/artigos/jovens-apostolos-da-misericordia/
FONTE: http://www.diocesecaratinga.org.br/artigos/jovens-apostolos-da-misericordia/
sábado, 13 de fevereiro de 2016
CF-2016 E OS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS
por Maria do Rosário de O.
Carneiro
Publicado em fevereiro 12, 2016
por Redação
CASA
COMUM, NOSSA RESPONSABILIDADE.
Maria do
Rosário de O. Carneiro
A Campanha da Fraternidade de 2016, ecumênica,
organizada pelas Igrejas que integram o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs
(CONIC) trouxe um tema de extrema relevância e importância para o cuidado com
nossa Casa Comum, o Planeta Terra.
Inspirada no texto bíblico do
Profeta Amós, a Campanha tem como tema “Casa comum, nossa responsabilidade”
e como lema “ quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça
qual riacho que não seca (Am 5,24).” O objetivo geral da Campanha é
conclamar para que seja assegurado a todas as pessoas o direito ao saneamento
básico.
Reconhecido pela ONU, em dezembro de 2015, como
Direito Humano, o saneamento básico envolve uma série de outros direitos, como
o abastecimento de água potável, o esgoto sanitário, a limpeza urbana e rural,
o manejo de resíduos sólidos, o controle de doenças, a drenagem de águas
pluviais, o cuidado com os rios, os nascentes e os mananciais, o combate ao uso
intensivo e extensivo de agrotóxicos, aos estragos socioambientais causados
pela mineração, dentre outros temas e direitos.
Quero me atentar para a questão dos resíduos sólidos,
um problema urgente no Brasil e no mundo, chamando atenção para o importante,
imprescindível e necessário trabalho desenvolvido pelas catadoras e catadores
de materiais recicláveis, com quem tenho trabalhado nos últimos 06 anos, na
luta por direitos e com elas e eles tenho aprendido também que é preciso
reciclar a vida, o direito e a justiça e acreditar na necessidade da justiça
social, construída coletivamente a partir dos injustiçados.
O Texto Base da Campanha da Fraternidade traz
alguns dados como os seguintes: cada brasileiro gera em média 1 quilo de
resíduos sólidos diariamente. Só a cidade de São Paulo gera entre 12 a 14 mil
toneladas diárias de resíduos sólidos. As 13 maiores cidades do país são
responsáveis por 31,9% de todos os resíduos sólidos no ambiente urbano
brasileiro. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, de 2008 do IBGE,
divulgada em 2010: 50,8% do total dos resíduos são levados para os lixões;
21,5%, para aterros controlados; e 27,7%, para aterros sanitários; todos despejados
no planeta Terra.
Outro dado alarmante é o fato de o Brasil continuar
recebendo lixo da América do Norte e da Europa. Em 2009 e 2010, portos
brasileiros receberam cargas de resíduos (LIXO) domiciliares e hospitalares. No
Brasil, os lixões e aterros, sem controle, localizam-se próximos ou em áreas
residências de populações empobrecidas, nas periferias das cidades.
Várias perguntas que não podem se calar nesta
Campanha da Fraternidade, entre as quais: e os catadores de materiais
recicláveis, milhares de trabalhadores espalhados pelas ruas do Brasil, ou em
associações e cooperativas de reciclagem recolhendo o que descartamos e
evitando que milhares de toneladas de resíduos sejam jogadas em lixões e
aterros? E estes trabalhadores? Como nos aproximamos deles? Que importância
damos ao seu trabalho? Conhecemos? Falamos deles em nossas igrejas, em nossos
espaços comunitários? Dedicamos parte de nosso tempo para manifestar-lhes nosso
apoio? Quais as condições de trabalhos deles? De que precisam? Fazemos a coleta
seletiva em nossas casas, apartamentos e igrejas? Em nossos ambientes de
trabalho? E se fazemos, qual destino damos? Quem são as catadoras e os
catadores de materiais recicláveis? O que esta campanha da fraternidade nos diz
sobre eles e elas?
Com minha experiência na
advocacia popular e na militância na área dos direitos humanos, sobretudo no
trabalho com as cooperativas e associações de catadores de materiais
recicláveis e no seu Movimento Social Político – o Movimento Nacional de
Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR)[2] -,
em Minas Gerais, percebo a força dessa luta em prol da efetividade dos
direitos humanos assegurados na Constituição brasileira, forjando instrumentos
jurídicos que contribuem na implementação dos direitos fundamentais
constitucionais inscritos na Constituição, na legislação
infraconstitucional e nas políticas públicas.
A Política Nacional de Resíduos
Sólidos, Lei 12.305 de 2010, por exemplo, possui fortes contribuições da luta
dos catadores, como, por exemplo, o fato de o resíduo sólido reutilizável e
reciclável passar a ser reconhecido no Brasil como “um bem econômico e de
valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania”[3].
Com a luta dos catadores, a lei de resíduos sólidos
trouxe também o princípio do ‘protetor-recebedor’, agasalhando neste princípio,
sem dúvida, o trabalho desenvolvido pelas organizações de catadores de
materiais recicláveis, na medida em que, diariamente, devolve para a cadeia
produtiva toneladas de materiais recicláveis – plástico, papel, metal, vidros,
dentre outros -, que poderiam ser despejados no planeta Terra. Isso sem dizer
do importantíssimo trabalho de mobilização e educação ambiental, da reciclagem
de valores, princípios e do próprio direito, realizado pelos catadores
organizados em cooperativas.
A atual Constituição brasileira de 1988 no art. 5º,
incisos XVII a XXI assegura a liberdade de associação e o cooperativismo como
modelo de economia, além de legislações infraconstitucionais que regulamentam o
cooperativismo e instituem políticas de economia popular solidária. Contudo, as
pressões do mercado e do capital hegemônico sufocam e asfixiam muitas vezes a
sobrevivência dos grupos que optam por este caminho.
O Jornal El País, em
matéria online publicada em 18/10/2015, alertou para um problema que já vem
sendo uma grave realidade no Brasil e na América Latina: “depois da água,
gestão de lixo pode ser o novo foco de crise no Brasil”.[4] A
matéria chama atenção para o fato de que, só no Brasil, em 2014, 30 milhões de
toneladas foram levadas para lixões, que são os considerados aterros
irregulares.
Levar o lixo para os aterros, lixões ou como se
queira chamar, é mantê-lo dentro do planeta Terra e, pior, de forma
ambientalmente inadequada. A Lei 12.305, de 2010, estabeleceu como prazo máximo
agosto de 2012 para que os municípios apresentassem um plano de gestão dos
resíduos sólidos e agosto de 2014 para que os municípios acabassem com os
lixões. Nenhum dos dois prazos foi cumprido pela maior parte dos municípios
brasileiros.
Com forte pressão dos prefeitos brasileiros, em
julho de 2015, o Senado Federal aprovou a prorrogação do prazo para os
municípios acabarem com os lixões no Brasil: as capitais e municípios de
regiões metropolitanas têm, agora, até 31 de julho de 2018 para fazer isto e as
cidades com mais de 100 mil habitantes terão até o final de julho de 2019. Os
municípios entre 50 e 100 mil habitantes terão até o final de julho de 2020 e
os municípios com menos de 50 mil habitantes terão até julho de 2021 para
acabar com os lixões. A Presidenta Dilma vetou esta medida, mas trata-se de um
grave problema social e ambiental urgente, uma vez que até agora os prazos não
foram cumpridos. Os direitos da população e da natureza continuam sendo adiados
em benefício dos interesses do mercado e do capital.
Com a quantidade de resíduos sólidos gerados no
Brasil crescendo em progressão quase geométrica, o cenário se tornou crítico e
preocupante. A grande atuação e investimentos por parte dos gestores públicos
giram em torno do destino final dos resíduos sólidos, chegando-se a cogitar e
até executar tecnologias de incineração, mesmo com a comprovação de que esta
tecnologia é um grave problema para o meio ambiente e para a saúde pública.
A Política Nacional de Resíduos
Sólidos estabeleceu uma hierarquia de ações a serem observadas e respeitadas
pelos gestores públicos no manejo dos resíduos sólidos, quando assim definiu: “Na
gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem
de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos
resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”.[5]
Observa-se que o destino final ambientalmente
adequado é a última etapa de uma série de ações a serem executadas pelos
gestores públicos. O destino final é a última delas, mas o que se nota na
maioria dos municípios é o destino final como a primeira, levando para lixões e
aterros todo o resíduo sem fazer uma prévia coleta seletiva, triagem e
reciclagem e fortalecendo o trabalho dos catadores.
Estudos demonstram que se os
municípios realizassem uma eficiente política de redução do consumo, educação
ambiental, implantassem uma boa política de coleta seletiva e reciclagem
popular, com a participação das organizações de catadores, pouca coisa ou quase
nada teria que ser enviado para aterros ou outros locais de destino final.[6]
Outro problema a ser levado em consideração é a
crescente disputa do “lixo” das cidades pelos setores empresariais e pela
indústria que veem neste material uma fonte de lucro e geração de riquezas.
Apesar da prioridade assegurada aos catadores e suas organizações, inclusive
com a possibilidade de contratação desses grupos pelos municípios, com dispensa
de licitação e remuneração pelos serviços prestados, poucos são os municípios
do Brasil que asseguram esta prioridade.
Estabelecer uma nova lógica produtiva, baseada no
respeito e na economia popular solidária, é o que buscam os empreendimentos de
catadores, considerando a liberdade associativa assegurada na atual
Constituição.
Os catadores, o MNCR e suas organizações seguem
resistindo, lutando pelo seu lugar neste espaço. Defendem o trabalho com
dignidade e o reconhecimento pelos serviços prestados há centenas de anos no
Brasil, na América Latina e no mundo. Retiram diariamente milhões de toneladas
de materiais recicláveis evitando que os mesmos sejam jogados em aterros ou
lixões.
Além da forte organização no
Brasil, em nível de América Latina, estes trabalhadores estão organizados pela “Red
Latinoamericana de Recicladores” e buscam dialogar entre os países com
trocas de experiências visando melhorar as condições de trabalho dos
recicladores em suas bases.[7]
O 3º Seminário Internacional de
Rotas Tecnológicas dos Resíduos Sólidos, organizado pelo Instituto Nenuca de
Desenvolvimento Sustentável (INSEA)[8] e
pelo Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária (ORIS), em setembro de
2015 em Belo Horizonte, apontou para a possibilidade de reciclagem de 100% do
lixo, experiências que já vem acontecendo em San Francisco, nos Estados Unidos
da América, e em outros lugares do mundo.
No Brasil, como dito acima, a dificuldade no
cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, como acabar com os
lixões, fazer os Planos Municipais e implantar uma eficiente política de coleta
seletiva com a participação dos catadores, aponta para dados alarmantes:
aumenta a quantidade de municípios que não recicla os materiais recicláveis e a
geração de resíduos aumentou cinco vezes mais que a população entre 2003-2014.
Os catadores, protagonistas da tecnologia social da
reciclagem popular, demandam por reconhecimento, o que passa pela remuneração
justa dos serviços prestados para as cidades e para a população, na medida em
que recolhem o material reciclável e dão um destino ambientalmente adequado. As
organizações de Catadores podem ser contratadas pelas prefeituras, inclusive
com dispensa de licitação, nos termos do artigo 24 da lei 8666 de 1993, o que
também foi uma conquista decorrente de suas lutas.
Casa comum, nossa
responsabilidade: nesse tempo em que a Campanha da Fraternidade nos convida a
refletir e agir na defesa e proteção da casa comum, fica o convite para
aproximarmos da vida e do trabalho desenvolvido pelos catadores e suas
organizações. Toneladas de matérias recicláveis que seriam jogadas no planeta
Terra, em nossos rios e oceanos são por eles reciclados, reaproveitados com um
destino final ambientalmente adequado. Mas, como vivem? Como trabalham? De que
precisam? Afinal, trabalham diariamente, por eles, por mim, por você e pelo
planeta Terra, nossa casa comum. “Vinde e vede![9]”
Belo Horizonte, 08 de fevereiro de 2016.
Artigo socializado pelo Blog do frei Gilvander Luís Moreira
in EcoDebate,
12/02/2016
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