terça-feira, 29 de setembro de 2015

ENTREVISTA DO PADRE DIONE LEANDRO

Matéria de periódico de Caratinga inclui entrevista com padre sobre “Teologia da prosperidade”

Na reportagem intitulada “Quanto vale sua fé?”, publicada pelo Diário de Caratinga no último domingo, 20 de setembro, foi publicada uma entrevista com o padre Dione Leandro, atualmente vigário paroquial em Mutum.


Conciliando as respostas do padre e de um pastor protestante Claudecir Gomes de Souza Júnior, líder da Igreja Batista Filadélfia, em Caratinga, a reportagem relatou a história do movimento neopentecostal que invadiu as Américas a partir da década de 1980.

Veja a seguir na íntegra a entrevista concedida por padre Dione.

O senhor acha certo criar um patrimônio usando o evangelho através de músicas ou pregações?

Todo trabalhador tem direito ao seu próprio salário visando à manutenção de suas necessidades. Contudo, é importante que não haja exploração do sentimento religioso das pessoas, visando o lucro pessoal, como tem acontecido atualmente na sociedade. É claro que todos que se dedicam ao anúncio do Reino de Deus têm que ser os primeiros a vivenciar o que pede o Evangelho: uma simplicidade de vida para se fazer servo de toda uma humanidade como o próprio Cristo se fez. Ninguém pode ou tem o direito de se fazer maior que o mestre que é Jesus Cristo, Ele que, sendo rico, se fez pobre para nos salvar, esvaziando-se de sua condição divina se fez um de nós (Fl 2, 6-8).

Essa “venda” da prosperidade na terra não se parece com a venda de indulgência da igreja católica no passado?

Na verdade não. A venda de indulgências consistia no perdão dos pecados fora dos sacramentos, total ou parcial, a remissão é concedida pela Igreja Católica no exercício do poder das chaves, por meio da aplicação dos superabundantes méritos de Cristo. Em um certo período da Igreja, estas indulgências passaram a ser vendidas por valores monetários, hoje a Igreja concede a Indulgência em determinado momentos fortes na vida das comunidades, como por exemplo nos jubileus e anos Santos, como é o caso do próximo ano (2016) que celebraremos o Jubileu da Misericórdia anunciado pelo santo padre o papa Francisco. A venda da prosperidade terrena nada tem haver com a remissão dos pecados, mas sim com a aquisição de bens aqui na terra. Teoricamente, Deus abençoa os seus com bens terrenos, mas se pegamos a palavra de Deus ele mesmo é quem nos fala por meio de Jesus: preocupai-vos não por juntar tesouros na terra onde a traça corrói, mas ajuntai tesouros no céu (Mt 6, 19-20). Portanto, a “venda” ou promessa de “prosperidade” terrena nada tem em comum com a venda das Indulgências que já existiram na vida da Igreja, mas muito mais com a proposta reformista de João Calvino, na Suíça do século XVI, quando se pregou o acúmulo de riquezas como um dos sinais visíveis da salvação.

O que o senhor acha de se pedir ofertas por meio de cheque ou cartão de crédito?

Em nome de uma modernidade e atualização, muitas pessoas e instituições já implantaram este tipo de opção para doações em suas igrejas. Particularmente, penso que devemos usar de todos os meios para evangelizarmos, mas a exploração das pessoas não é evangelização. Todos os meios que temos são sadios e depende unicamente do bom uso que fazemos deles. Se bem conscientizados de que o que doamos no templo de Deus é para ser usado nas obras de evangelização não vejo problema na utilização destes recursos, mas acredito que quando usamos estes meios ainda não estamos totalmente conscientes de que o reino de Deus não é um comércio. Parece que estamos num Shopping religioso: vou, compro minha bênção e volto para casa com a consciência tranquila. Acredito que ainda temos muito que avançar neste sentido, pois o que está em jogo não são apenas os meios que utilizamos, mas a consciência que temos do nosso dízimo, quando devolvemos a Deus um pouco do que ele nos dá como forma de gratidão.

O que o senhor entende quando a Bíblia diz que no fim dos tempos haveria falsos profetas?

Os falsos profetas existem e isso é fato! Nós não podemos negar! Agora falar de fim dos tempos não cabe a nós. A própria Palavra de Deus diz que não cabe a nós sabermos os tempos e os desígnios de Deus (At 11,7). Mas devemos estar atentos para não cairmos em ciladas que nos são armadas por homens aproveitadores que usam da índole religiosa do povo para tirar vantagem em seu próprio favor, estas pessoas são manipuladoras da Escritura Sagrada, por isso devemos colocar nossa confiança no Senhor que fez tudo o que existe e nos acompanha ao longo da vida. Seguirmos a Cristo é colocar nas mãos dele tudo que temos e somos, mas não nos deixarmos levar por falsas doutrinas. Quando lemos atentamente as cartas de Paulo percebemos que já naquele tempo haviam pessoas pregando um Evangelho diferente do que Paulo havia anunciado, esta é a missão do profeta: fazer com que o anúncio da Boa Nova do Reino seja fiel aos ensinamentos deixados por Deus e que chegou até os nossos dias graças a Tradição da Igreja que ao longo dos séculos transmite a Palavra de Deus através das Escrituras e da tradição oral.

Na Bíblia existe algum relato de alguém que tenha cobrado para pregar o evangelho?

Não. O próprio apóstolo Paulo que se dedicou tanto ao anúncio da Palavra de Deus sendo responsável pela expansão do cristianismo graças às diversas viagens que fazia. Por onde passava, procurava uma forma de se sustentar para não ser pesado à ninguém a sua estada entre os recém convertidos ao cristianismo (2Tes 3,8). O que temos relatado no livro dos Atos dos Apóstolos é a forma de viver da comunidade, na qual não havia necessitados entre eles, pois todos colocavam seus bens em comum (At 4, 34-35). Outro momento narrado era o das pessoas que ajudavam na manutenção financeira dos apóstolos, mas não temos relatos de que estas pessoas cobravam para anunciar o evangelho que inclusive Paulo considerava como Graça de Deus poder ser um pregador da Palavra.

O senhor é a favor de cantores, seja do cenário evangélico ou católico, cobrarem por suas apresentações?

Para sua manutenção sim. O que não concordo é com o comércio religioso que se tem estabelecido atualmente. As grandes empresas de comunicação têm feito o uso dos cantores “gospel” para fazerem patrimônio próprio. Os eventos religiosos têm despesas bem como as gravações de CDs, DVDs ou BLU RAYs. Mas em nome disso não podemos criar um meio de lucro fácil. É necessário que estes cantores e produtores de eventos criem alternativas para que os shows e as mercadorias, como CDs e outras mídias sejam de boa qualidade, não apenas física, mas de qualidade na mensagem que transmitem, possuindo uma verdadeira coerência teológica e pessoal, e sejam acessíveis ao povo cristão que tem o direito de escutar músicas de qualidade, ver bons DVDs, acompanhar bons Shows e ler livros de qualidade, o que entendemos ser eficientes métodos de evangelização. Não somos contra o custeio de vida dos verdadeiros missionários que muito nos ajudam através da música, por exemplo. O que nos espanta são o mercenários, que exploram a fé alheia e constroem verdadeiros impérios para si, enquanto seus ouvintes permanecem carentes dos sinais do Reino de Deus.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

BÍBLIA: COMO LER E ENTERDER

COMO LER A SAGRADA BÍBLIA
Para ler a Bíblia Sagrada com todo proveito, o cristão necessita ser esclarecido a respeito de cada um dos 73 (setenta e três) livros que a compõem, sob quatro pontos de vista que se completam mutuamente:
Em primeiro lugar, possuir algumas noções sobre o gênero e as particularidades literárias da obra. Em seguida, situar o escrito em seu contexto histórico, levando-se em conta as circunstâncias que causaram seu aparecimento, seus destinatários imediatos, etc. Estas indicações lhe permitirão compreender bem as modalidades do ensino religioso dado pelo escritor a seus contemporâneos. Finalmente, saber colocar esse ensino no quadro da revelação total, no lugar que lhe cabe dentro da evolução providencial em vista da perfeição cristã.
Se o leitor desejar descobrir, de um livro a outro, a MARCHA ASCENDENTE DA REVELAÇÃO para Cristo, então convêm fazer a leitura de acordo com a seguinte ordem cronológica dos livros:
DAS ORIGENS A REALEZA, poderá observar a ordem admitida pela maioria: os 5 livros do Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio), Josué, Juízes I e II, Samuel I e II (dos Reis). O Deuteronômio, porém, poderia ser lido com os Profetas e o Levítico, depois de Neemias-Esdras.
NO QUADRO DOS REIS colocar-se-ão os profetas antigos: Amós (pelo ano 760 antes de Cristo), Oséias (ano 750), os 39 primeiros capítulos de Isaías (740),Miquéias (725), Naum (625), Sofonias (625), Habacuc (605), Jeremias (600).
NO TEMPO DO EXÍLIO, as Lamentações, Ezequiel (pelo ano 580 antes de Cristo), Abdias e a segunda parte do livro de Isaías (ano 538).
APÓS O EXÍLIO de Babilônia, para melhor se compreender o movimento e o esforço de restauração, aconselha-se ler I e II Crônicas, seguidos deNeemias-Esdras. Com os importantes acontecimentos do Exílio estão relacionados os profetas Ageu e Zacarias (ano 520), os 11 últimos capítulos de Isaías, Malaquias (440), Joel e Jonas, bem como os livros episódicos de Rute, Tobias, Judite e Ester, e os escritos sapienciais: Provérbios (com várias passagens anteriores ao exílio!),  (pelo ano 500), Eclesistes (pelo ano 250), Eclesiástico (pelo ano 200) e o Cântico dos Cânticos.
À época dos MACABEUS pertencem o livro da Sabedoria, Baruc, Daniel e especialmente I e II Macabeus.
Os Salmos não tem época determinada, e podem ser lidos independentemente de qualquer ordem cronológica.
Quanto ao Novo Testamento, os três primeiros livros a ler são os Evangelhos sinóticos (isto é, muito parecidos entre si: Mateus, Marcos, Lucas). Entretanto, é bom ter em mente que esses três Evangelhos são posteriores aos principais escritos de São Paulo.
Depois de Lucas, ler os Atos dos Apóstolos e as 10 primeiras cartas de São Paulo, na seguinte ordem: I e II Tessalonicenses, Gálatas, Romanos, I e II Coríntios, Filipenses, Efésios, Colossenses e a pequenina carta a Filêmon.
As outras 4 cartas de São Paulo, isto é, as “pastorais” (I e II Timóteo, Tito) e Hebreus, tem seu ambiente natural junto com as 7 epístolas “católicas” (Tiago, I e II Pedro, Judas, I, II e III João).
Por fim, devem ser lidos o Evangelho de João e seu Apocalipse.
Há pessoas que começam a ler a Bíblia Sagrada página por página, como se ela fosse um único livro, e caem no perigo de desanimar, devido às dificuldades que vão encontrando. Para que não diminua em nós o amor e a atração pela Palavra de Deus, é muito aconselhável que a primeira leitura da Bíblia se façaA PARTIR DOS LIVROS MAIS FÁCEIS.
Eis um roteiro que poderia ser seguido com ampla liberdade por parte de cada um dos leitores:
O 4 Evangelhos e os Atos dos Apóstolos – Rute, Tobias, Judite e Ester – As cartas mais breves de São Paulo e as 3 de São João – Os livros de história do Antigo Testamento – As outras cartas dos Apóstolos – Os livros sapienciais – Os livros dos profetas do Antigo Testamento – O apocalipse.
O livro dos Salmos convêm ser lido a começar dos primeiros dias, como meditação e oração, em preparação ou conclusão à leitura intencionada.

Um conselho: antes de iniciar a leitura da Bíblia Sagrada, faça uma profunda oração pedindo a Deus o discernimento e a sabedoria para facilitar o entendimento da leitura.

domingo, 13 de setembro de 2015

AGENDA DAS COMUNIDADES (2015.09.15 a 20)

AGENDA DAS COMUNIDADES
SEMANA : 15 a 20 DE SETEMBRO
15 – TERÇA-FEIRA
19:00 – 1ª missa presidida pelo Pe. Sebastião em Ipanema.

16 – QUARTA-FEIRA
16:00 – Himalaia
18:00- Taquara
19:00 N. Sra. Aparecida

17- QUINTA-FEIRA
16:00- Alto Santa Rita
16:00 – Mata Fria
18:00 – São Judas Tadeu
18:00 – Alto Dourado

18 – SEXTA-FEIRA
18:00- Ponte Alta
19:00 – São Vicente

19- SÁBADO
11:00 – Barra da Ponte Alta
19:00 – São Vicente

20 – DOMINGO
07:00 – Matriz
08:00 – Vermelho
10:00- Matriz
11:00 – Leandros
15:00 – Humaitá
16:00 – Santa Rita
18:00 – São José

19:00 - Matriz

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

HISTÓRICO DO MÊS DA BÍBLIA

Como nasceu o Mês da Bíblia?

O Mês da Bíblia surgiu em 1971, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foi levado adiante com a colaboração efetiva do Serviço de Animação Bíblica – Paulinas (SAB), até posteriormente ser assumido pela Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) e estender-se ao âmbito nacional.

Objetivos

- Contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Bíblia, na ação evangelizadora da Igreja, no Brasil;
- Criar subsídios bíblicos nas diferentes formas de comunicação;
- Facilitar o diálogo criativo e transformador entre a Palavra, a pessoa e as comunidades.
Leia o artigo completo em:

Portal Paulinas

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

EUCARISTIA: SACRAMENTO DO AMOR


Theófilo de Paula
Eucaristia é um dos mais belos sacramentos da Igreja.  Ela foi instituída pelo próprio Cristo Senhor da história que se sujeitou à condição humana. Nela, a Igreja lembra o grande amor que libertou o homem da morte. Além disso, a Eucaristia alimenta o espírito e cativa a comunhão entre os cristãos. É uma das bases que sustenta a Igreja em sua missão.
Durante sua missão evangelizadora aqui na terra, Jesus olhava para a miséria e a fome do seu povo. A falta de pão material era uma realidade presente em muitas famílias. Muitos não tinham o que comer, mas além da falta do pão físico, não tinham o pão espiritual que ajudasse as pessoas a enfrentarem seus desafios diários.  O próprio Cristo se auto intitulou como pão vivo descido do céu, nós diz São João.
Cristo com sua Palavra, fortalecia a esperança das pessoas, curava os doentes, especialmente aqueles que tinham perdido a esperança, convertia os pecadores e, por meio dela, demonstrava seu amor por todos. Essa Palavra se tornava pão espiritual para as multidões que o seguiam. No milagre da multiplicação, essa multidão carente da Palavra é impulsionada a partilhar seus cinco pães e dois peixes, que saciam a fome do corpo e cujas sobras enchem doze cestos.
Amando cada um com igualdade, Nosso Senhor demonstra sua grande prova de amor, sendo traído e condenado à morte. Embora sendo inocente, Jesus é morto numa cruz. Ressuscitando no terceiro dia, sobe aos céus e abre as portas para que todo pecador entre no Reino triunfante da glória de Deus. Entretanto, antes de ser morto, Jesus quis ficar perto dos homens de forma bem particular, como o pão que desceu do céu. O Deus feito homem institui na última ceia a Eucaristia.  Quando Chegou a hora, Jesus se pôs à mesa com os apóstolos. E disse: “Desejei muito comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer. Pois eu lhes digo: nunca mais a comerei, até que ela se realize no Reino de Deus” (Lc 22, 14-16).
Jesus quer ficar para sempre na memória dos homens. A Eucaristia tem este caráter de  memória, mas não é apenas uma lembrança[1]. A memória eucarística é atualização do mistério. Sendo assim, cada vez que se celebra a Eucaristia, os fiéis são conduzidos ao mistério de Cristo, sua Paixão, morte e ressurreição.
A cada missa celebrada o mistério do Amor é atualizado por seus seguidores. Cada vez que se recebe o Pão eucarístico das mãos sacerdotais e dos ministros extraordinários da sagrada comunhão, recebe-se igualmente o Pão dado pelo próprio Senhor. Isso graças à ação do Espirito Santo, que vindo sobre o pão e o vinho, os consagram em Corpo e Sangue de Cristo.  Portanto, a Eucaristia deve ser respeitada e venerada, pois ela é o gesto de amor do Cristo pela sua amada, a Igreja, sendo ela centro da vida da Igreja, a união do céu com a terra, o Esposo ressuscitado unindo-se intimamente a cada membro da Esposa.
Por fim, a Eucaristia é o alimento do espírito que nos abre a Deus. Através desta abertura, sentimos o amor do Criador para conosco, seus filhos. Vendo a bondade do Misericordioso reconhecemos sua paternidade sendo convidados a viver na comunhão com os irmãos, e sendo igual às primeiras comunidades cristãs, que punham tudo em comum, ajudando os irmãos em suas dificuldades e lutando por um sociedade mais justa e menos desigual.



[1] Lima de, Marcos. Jesus presença real na eucaristia: Loyola, São Paulo. 2012. p. 28