Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Iniciamos mais um Ano Litúrgico, preparando-nos para o
nascimento de Jesus Cristo no tempo do Natal. Nascimento que só tem sentido
quando as pessoas conseguem abrir seus corações e deixarem acontecer o encontro
íntimo com Aquele que vem como enviado do Pai. Assim se cumpre a realização da
promessa de libertação projetada nos anúncios do Antigo Testamento.
Jesus foi prometido e proclamado como rei justo no meio de
um mundo marcado pelas práticas de injustiça e de degradação da identidade da
pessoa humana. O que vemos, na prática, e em todos os tempos, é o sofrimento
condicionado pelos desvios do projeto querido pelo Criador. A injustiça,
generalizada como está, diminui as condições necessárias para uma vida feliz e
humana.
A vontade de Deus é a realização do direito e da justiça,
isto é, de uma vida conforme as prescrições dos mandamentos e das indicações
das bem-aventuranças do Evangelho. Não fomos criados para a destruição,
indiscriminada, dos bens da natureza. “Dominai a terra” (Gn 9,7) significa
construir, possibilitando o necessário para as pessoas terem uma vida saudável
e digna.
A consistência do mundo depende do cuidado e de como ele é
usado. Certas práticas causam medo e angústia nas pessoas, porque fragilizam a
qualidade de vida e minam a alegria e as expectativas de um futuro promissor. A
preparação para o Natal estimula uma concreta esperança, capaz de elevar o
espírito abatido.
Estamos sensibilizados diante das ameaças causadas pelos
últimos acontecimentos, tanto em Mariana, como nos atentados suicidas lá na
França. Caminhamos por caminhos que levam ao caos, quase como o dilúvio citado
pela Sagrada Escritura. Dá a impressão de que caminhamos para a destruição
total. Isso pode acontecer se providências corajosas não forem tomadas.
A fonte do verdadeiro amor é Deus. Podemos até imaginar ou
construir outros caminhos de amor, mas nunca estaremos totalmente realizados se
nosso olhar não for voltado para essa fonte cristalina em Deus, através de
Jesus Cristo, que causa compromisso de justiça de uns para com os outros no
relacionamento.
FONTE: CNBB.
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